Um estudo de
fósseis de centenas de modernos e extintos morcegos, primatas e carnívoros
indica que a seleção natural pode ter ocorrido mais em função do tamanho do
corpo do que pela inteligência. A pesquisa foi divulgada nesta
segunda-feira na revista especializada PNAS.
O tamanho do cérebro em relação ao corpo é usado há
gerações por cientistas como uma maneira de prever a inteligência de um animal.
O ser humano, por exemplo, não tem o maior cérebro entre todas as espécies, mas
em relação ao tamanho do corpo, esse órgão é excepcionalmente grande na nossa
espécie.
Os cientistas acreditavam que a seleção natural ao longo da
evolução das espécies privilegiava a inteligência dos animais. Ou seja, aquele
mais inteligente era o mais apto a sobreviver e passar para as próximas
gerações os seus genes.
Agora, pesquisadores das universidades College London (Reino Unido)
e Konstanz e do instituto Max Planck (ambos na Alemanha) analisaram fósseis de
centenas de animais e afirmam que as mudanças no tamanho do corpo ao longo da
evolução ocorrem com maior velocidade, o que indica que elas tenham maior
influência na seleção natural do que o tamanho do cérebro.
Segundo os pesquisadores, por exemplo, o corpo dos morcegos foi
diminuindo de tamanho ao longo das gerações (isso pode ter permitido a esses
animais ter uma melhor capacidade de manobra), o que fez com que o cérebro tivesse
um tamanho relativo maior. No caso dos primatas, o corpo foi ficando maior e o
órgão demorou a seguir essa mudança. Ou seja, o tamanho relativo do cérebro
costuma ser determinado mais pela pressão do ambiente no corpo do que no
próprio órgão (necessidade de um corpo mais adaptado do que mais inteligência).
"As mudanças no tamanho do corpo ocorrem independentemente
das mudanças no tamanho do cérebro, e vice-versa. Além disso, a natureza dessas
mudanças independentes no cérebro e no tamanho do corpo é diferente em
diferentes grupos de animais", diz Jeroen Smaers, da College London. O
estudo, afirmam os pesquisadores, mostra que o tamanho relativo do cérebro não
pode ser usado como evidência inequívoca para a seleção por inteligência.
Fonte: Terra
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