A equipe do telescópio espacial
Fermi, em operação desde 2008, atingiu o primeiro grande objetivo da missão:
fazer a medição de toda luz que já foi emitida pelas estrelas no Universo. E
mais: a partir daí, identificar a luz de astros quase tão antigos quanto o
próprio Cosmos.
As primeiras
estrelas, muito diferentes das atuais, começaram a se formar cerca de 400
milhões de anos após o Big Bang --a grande explosão que originou o Universo
ocorrida há 13,7 bilhões de anos.
No trabalho,
publicado na versão on-line da revista "Science", foi possível
"recuperar" a luz de estrelas que brilharam quando o Universo tinha
apenas 600 milhões de anos, praticamente um bebê.
"A luz
óptica e ultravioleta das estrelas continua a viajar pelo Universo mesmo depois
que elas param de brilhar e isso cria o 'fóssil' de um campo de radiação que
nós podemos explorar usando raios gama de fontes distantes", diz Marco
Ajello, pesquisador de Stanford e da Universidade da Califórnia em Berkeley
(EUA).
Os cientistas
batizaram de EBL (sigla inglesa para luminosidade extragaláctica de fundo) a
soma da luz de todas as estrelas que já brilharam no Cosmos.
Para a
radiação gama --a luz mais energética conhecida-- a EBL funciona como uma
espécie de neblina.
"A
radiação gama, que é de alta energia, interage com a luz de baixa energia que
forma o fundo galáctico", explica Gastão Lima Neto, astrônomo do IAG
(instituto de astronomia) da USP.
E é a partir
dessa interação que os cientistas conseguiram identificar a luz das estrelas
ancestrais.
Eles usaram
como referência os blazares, buracos negros gigantes que, ao
"engolirem" matéria, liberam muitos raios gama.
Esses
fenômenos serviram como um farol cósmico para os pesquisadores.
Ao longo de
seu trajeto no Universo, um raio gama pode colidir com a luz de uma estrela e
se transformar em um par de partículas. Quando isso acontece, esse raio gama é
perdido.
Conforme isso
vai ocorrendo, o sinal dos raios gama se enfraquece, assim como a neblina
obscurece um farol distante.
Ao observarem
os blazares espalhados por vários pontos, os cientistas puderam calcular o
quanto a luz foi embaçada pela "neblina" da EBL e verificar a
"idade" da luz.
Como os
blazares estão espalhados por vários pontos do Universo, foi possível verificar
a posição de várias "épocas" de estrelas.
Os cientistas
acreditam que com essas primeiras medições precisas da EBL será possível
melhorar as teorias de formação das estrelas.
Fonte: Folha de SP
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