Pelo menos cinco membros da ONG Educação e Cidadania de
Afrodescendentes e Carentes (Educafro) iniciaram uma greve de fome por volta
das 12h desta terça-feira para cobrar a criação de cotas raciais e sociais na
Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). O grupo estava acorrentado junto à
entrada da reitoria da universidade, na capital paulista.
Segundo Frei David Santos,
coordenador-geral da Educafro, a entidade retoma a greve de fome feita há exato
um ano na Unesp para que as universidades estaduais de São Paulo façam a adesão
à política de cotas implementada nas instituições federais, após lei sancionada
pela presidente Dilma Rousseff em outubro deste ano. "Queremos que o
reitor da Unesp convoque uma reunião do Conselho Universitário para a inclusão
dos negros e pobres na universidade", disse.
Frei David critica o fato
de as universidades estaduais não serem incluídas na lei que determinou a
resevra de 50% das vagas nas instituições públicas de ensino para estudantes de
escolas públcias, negros e indígenas. "Esse não é um recado só para a
Unesp, mas também para a USP (Universidade de São Paulo) e Unicamp
(Universidade de Campinas). Queremos que as três façam uma divisão melhor na
forma de ingresso. Por que a regra não atinge as universidades estaduais? A
política universitária no Brasil é federal e para nós é inaceitável que um
Estado queira confrontar a política nacional", questiona.
Segundo a Lei de Cotas, as
universidades públicas federais e os institutos técnicos federais devem
reservar, no mínimo, 50% das vagas para estudantes que tenham cursado todo o
ensino médio em escolas da rede pública, com distribuição proporcional das
vagas entre negros, pardos e indígenas.
Embora as três
universidades estaduais de São Paulo tenham ações de inclusão, nenhuma delas
reserva vagas para estudantes de escolas públicas, negros e indígenas. Ambas
defendem a seleção pelo mérito dos estudantes.
Segundo a assessoria da
Unesp, o Conselho Diretivo estava reunido por volta das 13h30 para discutir o
tema. Ainda de acordo com a universidade, diversas reuniões foram feitas com a
Educafro, e a instituição vem discutindo com a USP e Unicamp a possibilidade de
adoção das cotas.
"Tal atitude (greve
de fome) ocorre justamente num momento em que o governador do Estado de São
Paulo (Geraldo Alckmin) chamou recentemente os reitores de USP, Unesp e Unicamp
demandando uma ação rápida na questão de um plano de inclusão de negros,
brancos pobres, indígenas e portadores de necessidades especiais nas universidades
estaduais paulistas", disse a universidade em nota.
De acordo com a Unesp, 41%
dos matriculados nos cursos de graduação em 2012 são oriundos das escolas
públicas, o que corresponde a 2.704 alunos. No que tange à cor da pele, 18,9%
se declararam pretos, pardos ou indígenas, sendo que 13,5% se dizem pardos;
3,2%, pretos; e 0,2%, indígenas.
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