sexta-feira, 28 de setembro de 2012

DIVISÃO DE CLASSES NA IDADE DA PEDRA



A escavação arqueológica no sítio de Ein Zippori, no norte de Israel, revelou a existência de uma comunidade pré-histórica do período neolítico, onde já havia uma elite que possuía "objetos de luxo" importados de países distantes. Os trabalhos, realizados pelo Departamento de Antiguidades de Israel, começaram há um ano, mas só agora as descobertas foram reveladas à imprensa.
No local, estava planejada a construção de uma estrada. No entanto, como essa região é conhecida pela abundância de antiguidades, costuma-se fazer a chamada "escavação de salvamento" - uma operação preliminar para garantir que os trabalhos não destruam itens importantes que podem estar enterrados na área.
Os diretores da escavação, os arqueólogos Ianir Milevski e Nimrod Getzov, se surpreenderam ao descobrir uma grande comunidade pré-histórica, com restos de casas cujas fundações foram feitas de pedra e paredes erguidas com tijolos de barro.
De acordo com Milevski, costuma-se pensar que nesse período da história humana as sociedades fossem "mais igualitárias". "No entanto, as escavações revelaram indícios de que há 7 mil anos já havia uma pequena camada da sociedade que possuía objetos raros que a maioria da população não tinha", disse Milevski à BBC Brasil.
Objetos "de luxo" importados
Na escavação, foram encontrados milhares de objetos de pedra, sílex e cerâmica, mas o que chamou a atenção dos pesquisadores foram objetos raros e feitos de materiais que não existiam nessa região. Entre eles, estão lâminas feitas de rocha obsidiana, cuja fonte mais próxima se encontra na Turquia e placas de pedra com desenhos próprios da cultura da Mesopotâmia (onde hoje se encontra o Iraque) e da Síria.

"Entre os objetos mais importantes que descobrimos, está uma placa de pedra com a imagem de duas avestruzes talhadas. É um trabalho simples, mas muito elegante e que nos remete à cultura da Mesopotâmia daquele período", disse Milevsky.
Também foram descobertas pequenas bacias de pedra feitas "com uma delicadeza impressionante" e, em uma delas, estavam cerca de 200 contas de colar - pretas, brancas e vermelhas.
O arqueólogo explicou que, como a comunidade era de um período anterior à descoberta do metal, a fabricação de objetos "tão delicados" era especialmente complexa e só uma elite poderia possuir objetos de tão difícil fabricação.
"Para fazer o buraco nas contas do colar era necessária uma furadeira de poucos milímetros. Trata-se de uma técnica muito sofisticada para o período que estamos pesquisando", acrescentou Milevski.
Fonte: BBC Brasil


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