quinta-feira, 1 de novembro de 2012

UNIVERSIDADES ESTADUAIS DE SP AINDA RESISTEM USA A NOTA DO ENEM



Enquanto boa parte das instituições de ensino superior do País aderiram ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como forma de ingresso em seus cursos de graduação, as três universidades estaduais de São Paulo - USP, Unicamp e Unesp - ainda resistem em utilizar a prova. Para o coordenador da Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest) da Unicamp, Maurício Kleinke, a ampliação do peso do Enem só será discutida dentro da universidade se todos os problemas na segurança do exame forem resolvidos.
"Por enquanto a universidade não tem discutido ampliar a participação do Enem. Assim que ele se estabilizar, que não houver mais nenhum problema, acredito que possa voltar à pauta", disse Kleinke. Atualmente, a Unicamp utiliza a nota do Enem para compor apenas 20% do resultado da primeira fase do vestibular. Questionado se fatores políticos - o Estado de São Paulo é comandado pelo PSDB, principal partido de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT) -, poderiam interferir nessa decisão, ele disse que antes de se discutir a política é preciso resolver problemas técnicos.
"É complicado fazer essa relação, porque tem uma questão técnica que é muito mais importante. Não conseguiram cumprir o calendário proposto, não conseguiram resolver os problemas. Enquanto essa parte técnica não for solucionada, não tem como discutir um peso maior para o Enem", afirmou. Segundo ele, uma das maiores dificuldades para se realizar um exame como o Enem é o porte da prova, para quase 6 milhões de estudantes.
Devido às sucessivas falhas, o Ministério da Educação reforçou a segurança para garantir que novos problemas não prejudiquem a credibilidade do exame. Em 2009, houve o vazamento da prova na gráfica responsável pela impressão. Já em 2010, trocou-se o cabeçalho de um dos cartões-resposta e provas do caderno amarelo tiveram falhas de encadernação. No ano passado, estudantes de um colégio cearense tiveram acesso antecipado a algumas questões, por causa do vazamento do pré-teste.
Para a diretora acadêmica da Fundação Vunesp, responsável pelo vestibular da Unesp, outro problema do Enem é o calendário incompatível com as datas dos principais vestibulares de São Paulo. "Já convidamos o Inep (Instituto de Pesquisas Educacionais, responsável pela aplicação do exame) para acompanhar as reuniões de definição das datas dos vestibulares das principais universidades de São Paulo, mas por causa de problemas operacionais, não tivemos essa participação. No próximo ano vamos convidar de novo e vamos ver o que acontece", disse Tânia Azevedo.
Segundo ela, as instituições têm interesse em usar a nota do Enem em parte da nota de suas seleções, mas como o Enem acontece próximo ao final do ano e o processo de correção de quase 6 milhões de provas é demorado, acaba se tornando inviável. Na Unesp, o exame é empregado apenas para compor 10% da nota da prova de conhecimentos gerais. "Acho que a realização de duas provas ao ano, como havia sido proposto pelo MEC, poderia resolver isso", disse ela ao se referir à ideia apresentada no ano passado de realizar mais de uma edição em 2012, o que acabou não se efetivando.
O coordenador do vestibular da Unicamp concorda que é preciso ampliar o número de edições do Enem ao ano, não só para beneficiar o calendário das universidades, mas também para evitar vazamentos. "Com mais edições, o número de candidatos diminuiria e a logística seria mais fácil. Mas o ideal mesmo é que o exame fosse da mesma forma que é hoje para tirar a carteira de motorista. Vai lá, na universidade no caso, marca a data e faz a prova", sugere Maurício Kleinke.
Fonte: Terra


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