Dos mais de 5,7 milhões de participantes da edição deste ano do
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), 2,4 milhões se declararam pardos; 694
mil, pretos e 35 mil, indígenas. Os dados fazem parte de balanço divulgado pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep),
órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável pelo exame.
A distribuição por raças é
um dos recortes previstos na Lei de Cotas, publicada há duas semanas. Os novos
critérios terão de ser incluídos nas regras de seleção para
universidades públicas por meio do Enem.
A nova lei obriga
instituições federais de ensino superior a destinar progressivamente uma parte
das vagas para
estudantes que frequentaram todo o ensino médio em escolas públicas. O objetivo
do governo é atingir o índice de 50% das vagas em quatro anos. Um dos fatores a
serem considerados é a raça declarada pelo candidato.
As provas do Enem serão
realizadas em 1,6 mil municípios de todo o país no próximo fim de semana (3 e 4
de novembro).
A estudante Fernanda Brito
Félix, 19 anos, conseguiu, no Enem de 2011, a vaga que buscava na Universidade
de Brasília (UnB). Mas o curso possível
não era o sonhado. Com o primeiro semestre de pedagogia garantido, a aluna
decidiu participar, novamente, do Enem este ano, para tentar a transferência
para o curso de direito.
"Só estudei em escola
pública e as escolas públicas não têm capacidade alguma de preparar um aluno
para um vestibular de universidade federal", disse Fernanda. Para ela, o
Enem "acaba sendo uma chance", mas há dificuldades como a falta de
preparo dos alunos no ensino médio. "A prova é cansativa e o aluno não tem
essa preparação na escola ou conteúdo. O segredo é estudar muito."
A receita de quem já foi
beneficiado pelo exame parece coincidir com as impressões de quem vai enfrentar
a prova pela primeira vez. Aluna do último ano do ensino médio no Colégio Setor
Oeste, escola pública de Brasília, Hyasmin Stephanye Leite se prepara para a
prova desde janeiro. "Busco métodos na internet, em apostilas. Tenho
estudado três horas por dia. Poderia ser mais, mas tenho inglês à tarde",
contou.
Para Hyasmin, o colégio
oferece a estrutura de que ela precisa. "Depende mais do aluno do que da
escola. Não podemos nos comparar a alunos de escolas particulares, temos que
nos comparar a nossa dedicação. Se você estuda, não é a escola que faz
diferença, é o aluno que faz."
Os números do Inep também
revelam que a maioria dos participantes do Enem 2012, que tem recorde de
inscrições e participações confirmadas, é composta por mulheres. As brasileiras
respondem por 59% das inscrições, com 3,4 milhões, enquanto os homens somam 2,3
milhões (41%).
O estado de São Paulo tem
o maior número de inscritos, com 932,4 mil, seguido de Minas Gerais (653.074),
da Bahia (421.731) e do Rio de Janeiro (408.902). Do total de inscritos, 4
milhões foram isentos da taxa de R$ 35 por serem alunos de escolas públicas ou
pertencerem a famílias de baixa renda.
Fonte: Agência Brasil
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