terça-feira, 9 de outubro de 2012

1ª CIRURGIA DE SEPARAÇÃO DE GÊMEAS SIAMESAS É REALIZADA NO RS



No dia 2 de outubro, o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, realizou a primeira cirurgia de separação de gêmeas siamesas. Em entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira, a instituição anunciou o fato inédito na trajetória dos 94 anos do HSVP. O procedimento foi um sucesso e as bebês Kerolyn e Kauany Ribeiro do Amaral, 9 meses de idade, estão estáveis no Centro de Terapia Intensiva Pediátrico.
O cirurgião pediátrico Dr. Gustavo Pileggi Castro, que atua no corpo clínico do HSVP, é o responsável pelo procedimento cirúrgico e informou que o acompanhamento do caso iniciou ainda na gestação, com o diagnóstico pré-natal. "Desde quando elas nasceram, no dia 31 de janeiro de 2012, elas cresceram, ganharam peso e criaram resistência para enfrentar a cirurgia que foi uma das maiores já realizadas. Hoje, Kerolyn está pesando 7 kg e Kauany 5.700 kg", detalhou.
Ao justificar o sucesso do procedimento, o cirurgião pediátrico salientou que o trabalho e o empenho da equipe do CTI Pediátrico e Neonatal, da pediatra assistente, da equipe cirúrgica, à estrutura do HSVP e à estrutura anestésica foram decisivas para o êxito da operação.
Quanto à questão da raridade do caso, Castro informou que é estimado que a cada 50 mil nascimentos de crianças vivas, há probabilidade de ocorrer um caso de gêmeo conjugado. E o tipo das meninas atinge cerca de 6%, que são os denominados onfalópagos. "Dentro dos casos raros é uma raridade. Elas eram unidas por todo o abdômen, desde o fígado, os intestinos, a parte da bexiga e a genitália. A parte óssea era separada completamente, o que permitiu manter as duas perfeitas". O cirurgião menciona que a peculiaridade é que o fígado era unido, mas a parte da vascularização e a drenagem da bile funcionavam independentemente.
Daqui para frente, as meninas terão várias outras cirurgias. "Com o tempo iremos fazer pelo menos três cirurgias para que elas tenham uma vida normal. Ficaram cicatrizes, mas elas terão vida normal", afirmou Castro. Em breve elas deverão receber alta hospitalar. Agora elas começam a comer e se não tiverem nenhuma infecção pós-operatória, poderão ir para casa.
Para o cirurgião chefe da Equipe de Transplante Hepático do HSVP, Dr. Paulo Reichert, a separação das gêmeas siamesas foi um enorme desafio cirúrgico. "Quando se separa gêmeas siamesas, habitualmente, uma falece e outra sobrevive. Nós estamos muito felizes, porque as duas sobreviveram e estão bem. Cirurgicamente é algo bem complicado. Eu entrei para a separação do fígado que era totalmente unido às duas e tive dificuldade até de localização, mesmo com muitos anos de trabalho. Por isso, é muito gratificante ver as meninas bem. Não houve sangramento. Tudo ocorreu de maneira tranquila".
O diretor médico do HSVP, Dr. Rudah Jorge, relatou que desde o início os médicos do CTI e os cirurgiões começaram a estudar o caso e a possibilidade de realizar a cirurgia. "Eu pedi à equipe que entrasse para a cirurgia para salvar as duas crianças. E essa foi a intenção dos especialistas", enfatizou, ao parabenizar a equipe médica, enfermeiras, médicos neonatologistas e todos que estiveram envolvidos no procedimento.
Fonte: Terra


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