quarta-feira, 21 de março de 2012

ESCOLA EM SP TÊM CARGA HORÁRIA DE 50 HORAS SEMANAIS

A possibilidade de conquistar uma vaga em universidades públicas e privadas de todo o País a partir do resultado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) motiva a busca de estudantes por escolas que apresentam bons desempenhos na prova aplicada anualmente pelo Ministério da Educação (MEC). Mas qual é o principal diferencial das instituições de ensino que estão no topo da lista de desempenho? Levantamento feito pelo Terra com base em dados fornecidos pelas 20 melhores escolas no ranking divulgado ano passado mostra que todas possuem uma carga horária ampliada, com um montante de aulas que atinge até 50 horas por semana.
Pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) todas as escolas públicas devem cumprir uma jornada de 800 horas anuais, divididas em 200 dias letivos. Isso representa em média 20 horas por semana. Nas 20 melhores escolas no Enem 2010 - último balanço divulgado pelo MEC -, 15 (75% do total) possuem uma jornada superior a 40 horas semanais, quatro têm mais de 30 horas por semana - sendo que duas são as únicas escolas públicas da lista - e uma não divulgou a carga horária.
Para a professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), Inês Maria de Almeida, a jornada ampliada na escola é um importante diferencial para garantir a qualidade do ensino. "O sucesso da escola passa pela questão do tempo. Mas precisamos deixar claro que essa carga horária maior precisa vir acompanhada de projeto pedagógico, professores qualificados e infraestrutura", afirma a educadora, que trabalha em pesquisas sobre a implantação do ensino integral do Brasil.
Os alunos do Colégio Vértice, de São Paulo, conhecem bem os benefícios de ter uma jornada de aulas ampliada. Quarto colocado no último ranking do Enem, a escola inicia as atividades do dia às 7h15 para as turmas do ensino médio, e só termina às 19h. Questionado sobre se os alunos não se sentem cansados com uma carga horária que chega a 50 horas na semana, o diretor Adilson Garcia não tem dúvidas: "Eles adoram. Chega sete horas da noite e eles não querem ir embora, ficam aqui até mais tarde em grupos de estudo para revisar os conteúdos. Alguns pais sentem até ciúmes porque eles passam mais tempo na escola do que em casa", brinca.
O preço para uma jornada ampliada de aulas é alto. No Vértice, a mensalidade chega a R$ 3.253,00. No terceiro ano são seis aulas pela manhã, um intervalo para almoço e mais quatro aulas à tarde. Além dos conteúdos tradicionais dos vestibulares e Enem, os estudantes contam com aulas sobre sexualidade, orientação contra drogas, história da arte e esportes. "A nossa clientela é muito exigente, os pais cobram a aprovação nas melhores instituições e trabalhamos pela excelência no ensino, mas não fazemos propaganda dos resultados nesses rankings", diz o diretor, que afirma que a procura pelo colégio é sempre maior do que o número de vagas disponíveis.
O Vértice possuiu 90 professores, sendo que 25% deles possuem mestrado e todos contam com a graduação para atender os 1.013 alunos. Adilson Garcia concorda com a pesquisadora da UnB sobre a necessidade de se valorizar o corpo docente e o planejamento pedagógico. "Os resultados se fazem com uma soma de fatores. Uma boa scola não trabalha para aparecer em primeiro lugar em um ranking, e sim com foco no desenvolvimento de uma proposta educativa de qualidade", completa.
Fonte: Terra

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